BRINCADEIRAS REGIONAIS - SUL

Brincadeiras do Sul: as tradições de respeito nos jogos dos gaúchos


Nem o frio de 6 graus Celsius impede as crianças de saírem de casa para brincar no bairro Boa Saúde, em Novo Hamburgo, a 50 quilômetros de Porto Alegre. Lá, a rua ainda é o lugar preferido para a diversão dos pequenos. As árvores espalhadas pela lateral das vias servem de esconderijo para o esconde-esconde. E as ladeiras são responsáveis por dar velocidade aos carrinhos de lomba. "Claro que nos preocupamos com nossos filhos, mas não podemos deixar isso impedir que eles continuem brincando. Ficamos de ouvidos atentos e, se preciso, vamos juntos com eles para a rua", afirma Rosane Romanini, mãe de um dos meninos da turma, educadora e pesquisadora do brincar.
Já na capital gaúcha, os casos de violência deixam a preocupação com a segurança das crianças mais forte. Por isso, as instituições e as escolas acabam se tornando os locais de sobrevivência das brincadeiras. O Centro Infanto-Juvenil Murialdo é um desses espaços. A cartela de opções é vasta, mas coelho sai da toca e vivo-morto são algumas das atividades preferidas da turminha. As educadoras ensinam as regras e depois não há quem controle a meninada, que brinca sozinha nos intervalos e leva para fora dali as tradições aprendidas.

Veja as quatro brincadeiras do Rio Grande do Sul:

1- Carrinho de Lomba

Como brincar: Em Novo Hamburgo, lomba quer dizer ladeira. O carrinho tem esse nome, portanto, por ser feito para brincar nas lombas das ruas. Então é só procurar um declive, sentar em cima do carrinho com os pés apoiados no eixo frontal e descer a ladeira. Se você tiver mais de um brinquedo, pode apostar corridas com os amigos. Para brecar, tem de virar o carrinho de lado ou parar com o pé (sempre calçado, para não se machucar). 

Variações: Em outros locais é chamado de carrinho de rolimã, por ser feito de rodinhas desse material. Algumas pessoas fazem um breque com um terceiro pedaço de cabo de vassoura afixado de forma móvel na lateral. Também há quem acople um pequeno banco para apoiar as costas quando estiver no carrinho.

Brincadeiras do Sul: carrinho de lomba. Foto: Danny Yin

2- Coelho Sai da Toca

Como brincar: Em trios, duas crianças formam a toca e uma será o coelho. Para fazer a toca, a dupla junta as mãos no ar, formando uma casinha. Quem interpreta o coelho fica agachado entre elas, embaixo dos braços. Essa estrutura se repete com os demais participantes da brincadeira. Uma das crianças fica em pé entre as tocas e deve gritar: "Coelho sai da toca!". Ao fazer isso, os coelhos entocados precisam trocar de casinha. Já a criança que estava no meio deve tentar roubar a toca de alguém. Se conseguir, aquela que ficou sem toca é a que passa a gritar no centro do espaço. Ela também pode falar "Toca troca de lugar!". Nesse caso, são as tocas que devem trocar de coelho. 

Variações: Em alguns lugares a toca é formada por um círculo desenhado com giz no chão ou por um aro ou bambolê. A dinâmica da brincadeira é a mesma, mas não há a possibilidade de a toca trocar de lugar.

Brincadeiras do Sul: coelho sai da toca. Foto: Danny Yin

3- Vivo Morto

Como brincar: A criança escolhida para comandar a brincadeira fica de frente para as demais, todas em pé. É ela que vai dizer se os outros participantes devem ficar em posição de vivo (em pé) ou de morto (agachado). Ao gritar "morto", todas as outras crianças devem abaixar imediatamente, e ao falar "vivo", elas devem se levantar. Quem errar sai. Aquele que conduz pode dizer a mesma palavra duas ou mais vezes seguidas e depois mudar repentinamente, para enganar o resto da turma. A última criança vence e assume o lugar do chefe.

Variações: Também é chamado de morto-vivo, duro ou mole e senta-levanta.

Brincadeiras do Sul: vivo morto. Foto: Danny Yin

4- Esconde-esconde

Como brincar: Uma pessoa será o pegador, que terá de encontrar os demais participantes escondidos. Para definir quantos segundos ele vai contar para que os outros se escondam, uma criança escolhe um dedo da própria mão e encosta nas costas dele, que terá de adivinhar qual é esse dedo.
Cada vez que o pegador errar o palpite, acrescenta 10 segundos à contagem (que pode ter no máximo 100 segundos, o equivalente aos 10 dedos das mãos). O pegador fica com os olhos cobertos e com o rosto voltado para um muro ou uma árvore contando enquanto os demais participantes da brincadeira se escondem.
Quando chegar ao fim da contagem, ele deve encontrar um a um. Ao vê-los, precisa correr e encostar a mão no ponto de partida e falar "um, dois, três" e o nome da criança encontrada, que passa a ser pegadora. Se a criança escondida bater primeiro, pode continuar se escondendo na próxima rodada.

Brincadeiras do Sul: Esconde-esconde. Foto: Danny Yin

A reinvenção do brincar em Santa Catarina

O empenho em resgatar as brincadeiras da região catarinense envolve toda a comunidade escolar. Na capital, Florianópolis, atividades relacionadas ao boi de mamão, folclore do estado, são parte do projeto político-pedagógico da Escola Desdobrada e NEI Costa da Lagoa, que fica em uma área com acesso por barco.
As crianças de todos os anos de ensino participam da confecção das fantasias - feitas com tecidos e com a técnica de empapelamento - pesquisam sobre a história e participam dela representando os vários personagens. "Esse trabalho faz parte do processo de construção do conhecimento sobre a cultura local e preserva a identidade da comunidade", conta Elizete Maria Marques, professora do 2° e do 4º anos. 
A preservação e a divulgação dessa atividade são tão valorizadas pela escola que, constantemente, as famílias dos alunos e os moradores dos arredores são convidados para assistir às crianças brincando. Eles se reúnem no pátio de chão de areia e observam um espetáculo, que é a representação do boi de mamão. 

Veja as quatro brincadeiras de Santa Catarina:

1- Boi de Mamão

Trecho da música
E vem chegando boi malhado
Vem chegando devagar
Vem cá meu boi iá iá

Ele é de papelão
O nosso boi de mamão
Vem cá meu boi ia iá 

Como brincar: 
Trata-se de uma encenação da morte e ressurreição do boi de mamão, em que as crianças interpretam os personagens envolvidos na narrativa: o boi, o vaqueiro Mateus, a dona de casa, o médico (doutor), as bruxas, o cavalinho, a cabra, a bernunça (figura fantasmagórica que teria sido inspirada no dragão chinês) e a Maricota. 
Há uma sequência para a entrada de cada um deles na história, que é cantada com rimas. A dramatização é feita em forma de dança. Nela, o boi de Mateus, homem simples da roça, morre de tanto dançar. Chamam o médico, mas ele não consegue ressuscitá-lo. Então, pedem para as bruxas intercederem pelo animal e elas conseguem trazê-lo de volta à vida. 
Os demais personagens vão entrando conforme são citados na letra da música. Todos terminam dançando juntos. "No nosso boi de mamão, várias crianças fazem os mesmos personagens, pois todos os alunos da escola participam da brincadeira. Eu costumo ajudar os menores na hora da encenação para que eles não se percam", conta João Vitor Nilo Thomé, 9 anos.

Brincadeiras do Sul: Boi de mamão. Foto: Danny Yin

2- Taco

Como brincar: Deve-se formar duas duplas, cada uma composta por um rebatedor, que segura um taco de madeira, e um arremessador. Eles ficam em uma base (um círculo desenhado no chão) e no centro dela encontra-se uma garrafa plástica com um pouco de areia dentro. Quem arremessa deve tentar derrubar a garrafa do time adversário jogando uma bolinha de borracha (ou de tênis) com a mão. Cabe ao rebatedor do outro time defendê-la. Se a garrafa for derrubada, o time que atirou a bola ganha um ponto. Se o rebatedor conseguir defendê-la ou se a bolinha não acertar a garrafa, quem jogou deve correr para pegá-la e voltar à sua base. Enquanto isso, os adversários correm, fazendo um "oito" nas duas bases e, quando se encontram, batem as mãos. Cada volta completa, sem que o arremessador tenha voltado para seu lugar de origem, vale um ponto. O time que completar cinco pontos ou mais primeiro vence a partida. Feito isso, as funções são invertidas: rebatedores vão para o arremesso e arremessadores vão para as rebatidas. 

Variações: Em alguns lugares o nome da brincadeira muda. Em Belém do Pará, por exemplo, o taco é conhecido como casinha, castelo ou tacobol. As regras e os acessórios também variam bastante. Há quem substitua a garrafa de plástico por latas de refrigerante ou por três gravetos, que formam uma cabaninha. Em alguns lugares, pode-se derrubar a base com chutes, além da bolada.

Brincadeiras do Sul: Taco. Foto: Danny Yin

3- Caiu na Rede é Peixe

Como brincar: Os participantes ficam espalhados e uma pessoa é escolhida para ser o pegador. Ela deve correr atrás dos outros para tentar pegá-los enquanto eles fogem. Quem é encostado pelo pegador, passa a ficar de mão dada com ele, formando uma corrente para tentar pegar o restante das pessoas. Cada um que é pego passa a fazer parte da rede.

Variações: Em outras regiões do país a brincadeira é conhecida como pega-pega corrente.

Brincadeiras do Sul: Caiu na rede é peixe. Foto: Danny Yin

4- Elástico

Como brincar: O principal acessório é uma tira de elástico grande (de cerca de 3 metros de comprimento), com um nó unindo as duas pontas, e três participantes. Dois ficam em pé, um de frente para o outro e distantes cerca de 2 metros. O elástico deve ficar ao redor das pernas deles, que precisam ficar abertas para segurá-lo esticado. Uma terceira pessoa deve pular dentro do retângulo formado pela tira e fazer desenhos e amarrações com as pernas. A primeira sequência é bem simples: a criança se posiciona ao lado do elástico e deve pular com os dois pés juntos para dentro dele.
Depois, pula novamente abrindo as pernas de modo que um pé caia para cada lado de fora do elástico. No terceiro movimento, ela deve fazer um giro de 180º, deixando as tiras se enrolarem em seus tornozelos. Por fim, deve pular para o lado externo do elástico enquanto gira o corpo para soltar-se da amarração.
O elástico começa rente ao chão, mas à medida que a pessoa consegue fazer os movimentos corretamente, ele vai subindo. Então, quem conseguir pular mais alto ganha o jogo.

Variações: 
Os nomes mudam dependendo do movimento que se pede para fazer e da região do país: cebolinha, estrelinha, várias fases, laranjinha, castelinho, bigode, vassourinha, cruzada de Belém etc.

Brincadeiras do Sul: Elástico. Foto: Danny Yin

29 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Seus pau no cu do caralho bota mais coisa e😡

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    2. Lindas palavras! Estou aqui fazendo pesquisa com meu filho sobre atividades e encontro esse tipo de linguajar 👏👏

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  2. Podia ter mais😢😢😢 brincadeiras

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  3. Obrigado isso vai me ajudar bastante.

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  4. A brincadeira do pula saco e da região sul

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  5. poderia resumir....mas obg msmo, valeu

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  6. Gostei de aprender as brincadeiras da região Sul 🤗

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  7. Vocês poderiam só explicar mais o assunto ficaria melhor

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  8. Obrigado me ajudou muito pois estava precisando saber isso para fazer um yratraba de educação física...

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  9. tinha que ser mais resumido , to precisando para o trabalho de educação fisica (eu sou do sul ,sei brincar dessas brincadeiras tinha que ser mais resumido)

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor

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  12. uuuuuuuuu me ajudo na aula que eu to mais de 7 hora

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  13. Que merda eu tô querendo uma brincadeira sozinho só tem de dois entre três brincadeiras

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