BRINCADEIRAS REGIONAIS - CENTRO-OESTE

Brincadeiras do Centro-Oeste: Força nas pernas e destreza nas mãos em Goiás


A série sobre as brincadeiras regionais brasileiras faz sua última parada em Goiás. Correr, pegar e arremessar são habilidades importantes para se divertir por lá. Os jogos tradicionais evoluíram com a cidade e hoje são praticados não só na rua, mas também em outros espaços. Um deles é a ONG Circo Lahetô onde as crianças brincam de mãe da ruanuma ampla área ao ar livre, com vista para o Estádio Serra Dourada e para os arranha-céus. Elas correm com um pé só, tentando fugir daquela que dá nome ao jogo.
Depois, também brincam de paredão, um jogo que mescla arremesso, corrida e queimada. "Atividades como essa surgiram de necessidades tipicamente infantis, como brincar, correr e exercitar o equilíbrio", explica Alexandre Rocha Sales, professor de Educação Física que se dedica à pesquisa de jogos tradicionais.
A 150 quilômetros de lá, Goiás, a antiga capital do Estado, preserva o casario, o calçamento e as igrejas do século 18, marcas da época em que viveu o auge do ciclo do ouro. O clima de volta ao passado também garante a manutenção de brincadeiras regionais, como cinco marias e corre cotia. "Ambas fazem parte da cultura popular, que continua muito viva na cidade", afirma Emicléia Alves Pinheiro, que apresenta brincadeiras para seus alunos da Escola Pluricultural Odé Kayodê e do Espaço Cultural Vila Esperança.

Veja as quatro brincadeiras de Goiás:

1- Mãe da Rua

Como brincar: Os participantes se dividem em dois grupos. Cada time fica de um lado (se for em uma rua tranquila, fica um em cada calçada). E quem for a mãe da rua permanece no espaço que há entre eles. Os participantes têm de atravessar de uma calçada a outra, pulando em um pé só e fugir da mãe da rua. Quem é pego pode correr com os dois pés e a ajudar a capturar os demais. O primeiro a ser capturado será a próxima mãe da rua. A brincadeira termina quando a turma toda for pega.

Brincadeiras do Centro-Oeste: Mãe da Rua. Foto: Danny Yin

2- Cinco Marias

Como brincar: As "marias" são saquinhos de pano cheios de areia ou pedrinhas colhidas no próprio local. Há várias fases e ganha quem conseguir ir mais adiante nelas. Na primeira etapa, as cinco marias são lançadas no chão. A pessoa escolhe uma delas e a joga para o alto. Com a mesma mão, pega uma das outras quatro que ficaram no solo e tenta recuperar a que está no ar sem deixá-la cair. Quem conseguir pegar todas vai para a próxima etapa, na qual tem de pegar duas marias antes de segurar a que está no alto. Essa sequência segue até a quarta etapa, na qual o jogador deve recolher quatro peças. Na quinta, todas as marias são colocadas de volta ao chão. Com uma das mãos, o jogador tem de fazer uma ponte - com a mão esquerda apoiada no solo pelas pontas do polegar e do indicador. Aí, joga para cima uma peça, enquanto passa uma de cada vez por baixo da ponte. Recolhe-se, então, a que está no ar sozinha. Quem errar perde a vez para o próximo e depois retoma de onde parou. "Minha avó e minha mãe brincaram de cinco-marias. Eu vou ensinar meus filhos e passar a tradição de geração em geração", diz Marcela Laís Andrade de Lima, 9 anos, enquanto se prepara para um arremesso.

Variações: Cinco marias, jogo das pedrinhas, nente, belisca, capitão, liso, jogo do osso, onente, chocos, nécara, epotatá (que, em tupi, quer dizer "mão na pedra")... Os nomes do jogo mudam regionalmente, assim como as regras e a ordem das etapas.

Brincadeiras do Centro-Oeste: Cinco Marias. Foto: Danny Yin

3- Paredão

Como brincar: Em uma parede ou meio-fio, deve-se construir uma casinha para cada participante. Elas podem ser feitas com materiais diversos (um tijolo ou um pedaço de madeira, por exemplo) e devem ser dispostas uma ao lado da outra. Após a montagem, as crianças são numeradas (cada número se refere a uma casinha). Com uma bola de material leve, um a um os participantes fazem arremessos às casinhas tentando acertar qualquer uma. Quando uma casinha é acertada, a criança com o número correspondente deve correr em direção a ela. Os demais correm para o lado oposto. Quem está na casinha onde a bola entrou, a pega e grita "paredão". Em seguida, tem direito a dar três passos e arremessar em direção a outro participante. Quem for queimado vai para o paredão, ou seja, se posiciona de costas para o grupo, que lança bolas em sua direção, mirando as pernas e jogando de leve para não machucar. "Acertar as casinhas é difícil, mas divertido", diz Yasmin Rodrigues da Silva, 11 anos.

Brincadeiras do Centro-Oeste: Paredão. Foto: Danny Yin

4- Corre Cutia

Como brincar: Todos devem sentar no chão, formando um círculo. Uma das crianças corre do lado de fora da roda com um lenço ou bola na mão, ao ritmo da ciranda (veja letra abaixo). Ao fim da cantoria, a meninada que está sentada abaixa a cabeça e tapa os olhos com as mãos. Quem está correndo deixa cair o lenço ou bola atrás de um dos sentados. Este deve pegar o lenço e correr atrás de quem o deixou. O lugar vazio da roda é o pique. Quem perde, fica fora da roda e a brincadeira recomeça. Quem é pego tem de pagar uma prenda, definida pelo grupo. 

Brincadeiras do Centro-Oeste: Corre Cotia. Foto: Danny Yin

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