Brincadeiras da região Norte: lendas e tombos divertem no Amazonas
Na beira do rio Negro, em Manaus, crianças tomam suco de tucumã e brincam de curupira. A cena corriqueira é uma pequena mostra de como a floresta Amazônica e os grandes rios que a cruzam não são apenas aspectos geográficos da região norte do Brasil. Eles influenciam a gastronomia, os hábitos culturais e, como se vê, até a diversão da criançada.
O curupira da brincadeira é aquele mesmo da lenda popular, o guardião das plantas e dos animais que ataca caçadores e lenhadores que destroem as matas. "Ao ver as crianças brincando, sabemos que nossa cultura está sendo preservada", comemora Sandra Lúcia Lima de Souza, professora de Educação Física do centro de Educação do Sesc, em Manaus. Para isso, vale até fazer a piscina virar rio enquanto os alunos simulam a luta do tucuxi - boto que habita os principais rios e lagos da bacia Amazônica - contra seus caçadores. "Assim reforçamos a importância de preservar um animal de nosso ecossistema", diz o professor de Educação Física Joelson dos Santos Melo.
A 119 quilômetros de Manaus, na cidade de Manacapuru, é a rua que abriga as disputas de quatro cantos e vira pista de corrida para as tradicionais competições de perna de pau, que unem gerações e garantem boas gargalhadas a cada tombo. Exemplo de como a diversão em família e a valorização dos aspectos regionais ainda fazem a alegria das crianças amazonenses. Tudo bem longe do videogame.
Veja as quatro brincadeiras do Amazonas:
1- Curupira
Como brincar
Formar um círculo com no máximo 15 crianças. Duas delas ficam no meio da roda: uma com os olhos vendados, representando o curupira, e a outra começa a brincadeira com a pergunta "O que é que tu perdeu?". O guardião das matas pode responder que perdeu o relógio, a avó, o que quiser. Todas as crianças da roda fazem a mesma pergunta e, quando chega o último participante, indaga o que o curupira quer comer. É aí que ele tira a venda e vê que não tem a comida que pediu, então corre atrás dos demais. Quem for pego passa a ser presa ou passa a responder às perguntas. "Gosto de ser quem responde porque aí uso minha criatividade", revela Nayara de Souza Guerra, 6 anos.
Formar um círculo com no máximo 15 crianças. Duas delas ficam no meio da roda: uma com os olhos vendados, representando o curupira, e a outra começa a brincadeira com a pergunta "O que é que tu perdeu?". O guardião das matas pode responder que perdeu o relógio, a avó, o que quiser. Todas as crianças da roda fazem a mesma pergunta e, quando chega o último participante, indaga o que o curupira quer comer. É aí que ele tira a venda e vê que não tem a comida que pediu, então corre atrás dos demais. Quem for pego passa a ser presa ou passa a responder às perguntas. "Gosto de ser quem responde porque aí uso minha criatividade", revela Nayara de Souza Guerra, 6 anos.
2- Quatro Cantos
Como brincarFazer um quadrado no chão, com giz ou tijolos. Quatro crianças se distribuem pelos quatro cantos e ficam mudando de lugar, enquanto a quinta fica no meio e tenta ocupar uma das esquinas. Quando ela consegue, quem ocupava aquele canto passa para o meio. É muito praticada pelas meninas e dá para brincar em qualquer espaço.
3- Perna de Pau
Como brincar
Pegar duas ripas ou cabos de vassoura e pregar em cada uma delas um pequeno taco que sirva de apoio para o pé. No início, é aconselhável ficar marchando no mesmo lugar por um tempo até adquirir equilíbrio e as pernas se acostumarem. Em caso de desequilíbrio, deve-se cair para a frente usando as mãos para amortecer a queda. Há quem consiga andar de ré e até pulando com um pé só. Leandro dos Santos Rodrigues, de 12 anos, já está craque, pois aposta corrida todos os dias com seus irmãos. "Para não cair, tem de deixar a madeira bem junto à perna", ensina.
Histórico
No Amazonas, a brincadeira é de família, começa na infância e só para quando o corpo não aguentar mais. O primeiro brinquedo de uma criança costuma ser fabricado com uma lata de leite em pó amarrada a uma cordinha. Mais tarde, a lata é substituída pelo cabo de vassoura.
Pegar duas ripas ou cabos de vassoura e pregar em cada uma delas um pequeno taco que sirva de apoio para o pé. No início, é aconselhável ficar marchando no mesmo lugar por um tempo até adquirir equilíbrio e as pernas se acostumarem. Em caso de desequilíbrio, deve-se cair para a frente usando as mãos para amortecer a queda. Há quem consiga andar de ré e até pulando com um pé só. Leandro dos Santos Rodrigues, de 12 anos, já está craque, pois aposta corrida todos os dias com seus irmãos. "Para não cair, tem de deixar a madeira bem junto à perna", ensina.
Histórico
No Amazonas, a brincadeira é de família, começa na infância e só para quando o corpo não aguentar mais. O primeiro brinquedo de uma criança costuma ser fabricado com uma lata de leite em pó amarrada a uma cordinha. Mais tarde, a lata é substituída pelo cabo de vassoura.
4- Tucuxi
Como brincar
Aqui a festa é na água! Formam-se dois grupos, representando os botos e os pescadores. Os botos entram na piscina, mergulham e boiam, enquanto os pescadores, de fora, tentam acertá-los com as flechas (representadas por macarrões de espuma). Quem for flechado morre ou, se quiser, troca de papel.
Aqui a festa é na água! Formam-se dois grupos, representando os botos e os pescadores. Os botos entram na piscina, mergulham e boiam, enquanto os pescadores, de fora, tentam acertá-los com as flechas (representadas por macarrões de espuma). Quem for flechado morre ou, se quiser, troca de papel.
Atenção: a água deve atingir no máximo a altura do peito dos pequenos.
Jogos de Rondônia
Depois de passar por São Paulo, Minas Gerais e Amazonas, a viagem de NOVA ESCOLA pelas brincadeiras brasileiras chega a Rondônia. Fundado em 1982, o estado recebeu migrantes de todas as partes, atraídos pelo extrativismo vegetal. Os jogos que divertem as crianças rondonienses , portanto, costumam ter versões parecidas no resto do Brasil. Mas alguns recebem denominações singulares: peteca, por exemplo, não é o brinquedo de penas, e sim a bolinha de gude.
Além dela, você pode conferir as brincadeiras de queimada, roubo da melancia e caí no poço (veja os links abaixo). Você verá que, diferentemente de outras metrópoles, o crescimento urbano ainda não se tornou um obstáculo para que a garotada tome as vias do estado. Afinal, com exceção da capital, os municípios de Rondônia têm menos de 200 mil habitantes. "Todos aprendem a brincar na rua e as atividades que temos na escola fazem parte do lazer dos alunos", conta Gilmar Leite, professor de Educação Física, que coordena um projeto de brincadeiras na EMEF Dom João Batista da Costa, em Candeias do Jamari, a 23 quilômetros de Porto Velho.
Veja as quatro brincadeiras de Rondônia:
1- Caí no Poço
Como brincar
Como em um poço escuro, o participante é vendado para que não consiga ver quem vai tirá-lo de lá. Outra crianças ajuda a escolher o "bem" do colega, perguntando: "É esse?", enquanto aponta para os outros participantes, todos enfileirados. Após definir seu bem, quem está às cegas deve dizer o nome de uma fruta para decidir como será salvo: pera corresponde a um aperto de mãos; uva, a um abraço; maçã, a um beijo no rosto; e salada mista, à soma dos três anteriores.
Variações
Em alguns lugares brinca-se sem a alegoria do poço, começando pela pergunta "É esse?".
Aprenda a parlenda da brincadeira Caí no Poço
Criança vendada: Caí no poço!
Outras crianças: Que altura:
Criança vendada: Do pescoço.
Outras crianças; Quem te tira?
Criança vendada: Meu bem!
Outras crianças: Pera, uva, maçã ou salada mista?
2- Queimada
Como brincar
Formar dois grupos com o mesmo número de integrantes. Caso sobre alguém, o time com a pessoa a menos ganha uma vida. O objetivo da queimada é lançar a bola e "queimar" (atingir) um integrante do outro time. Para isso, é preciso que a bola o atinja direto e caia no chão depois de tocá-lo. O participante queimado vai para o morto, ou cemitério, espaço atrás do campo oponente. A morte, porém, não significa a saída do jogo. Os vivos podem lançar a bola sobre a área adversária para que os mortos a arremessem. Se um morto consegue queimar alguém, ele ressucita. Vence quem mandar todos os adversários para o cemitério.
Histórico
Quando era criança, o professor Gilmar Leite, criado em Guarajá-Mirim - município fronteiriço à Bolívia, a 333 quilômetros de Porto Velho - usava uma bola feita, à base do látex extraído dos seringais. Para não machucar, nas versão ensinada às crianças da capital, usa-se uma de borracha industrial, mais macia.
3- Peteca (Bolinhas de Gude ou Bulita)
Como brincar
Primeiro, cava-se um buraquinho, conhecido como fossa e poça. Ao acertar a bolinha dentor do buraco, o participante ganha o direito de lançar sua peteca contra as dos adversários. As bolinhas "tecadas" (atingidas) são conquistadas. Se errar, a vez passa para o próximo, que vai precisar, da mesma forma, acertar a fossa antes de tentar "tecar" os adversários. O jogo acaba quando um participante tiver "alisado" o adversário, ou seja, conseguir ganhar todas as bolinhas.
Variações
Há várias outras versões da brincadeira. Uma delas tem um triângulo desenhado no chão. as petecas - ou bolinhas de gude, como são conhecidas em outras regiões do país - são espalhadas dentro dele e o objetivo é, ao atirar uma bolinha, tirar várias outras da área do triângulosem deixar que a que foi lançada saia da área marcada. Já na modalidade brilho, monta-se uma linha reta de bolinhas. Quem acertar duas delas em uma mesma jogada ganha todas as que estão enfileiradas.
4- Roubo da Melancia
Como brincar
Melancias são frutas grandes e, portanto, difíceis de carregar. Vencer esse desafio é a missão do ladrão, responsável por levar para a área demarcada todas as melancias da plantação. As frutas, nesse caso, são outras crianças, que ficam agachadas no chão. Quando abordadas pelo ladrão - representado por outra criança -, elas não podem resistir, devem dar o braço e acompanhá-lo. Só quem pode salvá-las é o dono da plantação, com a ajuda do cachorro. Eles devem rondar as melancias e evitar o bote. Não vale machucar. as melancias salvas voltam para a plantação e podem ser novamente capturadas pelo ladrão. E o jogo acaba quando o bandido conseguir levar todas as melancias para o seu lado.
Variações
Quando um adulto participa da brincadeira do roubo da melancia, ele assume o papel de ladrão. Nesse caso, deve carregar as melancias no colo
.
Chato
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
Excluirótimo vamos tentar resgatar algumas, para utilizarmos no colégio.
ResponderExcluir18/2/2000
ResponderExcluirTop tá me ajudando muito com o trabalho para a escola kk ♡
ResponderExcluirAchei bom, mas queria que fosse uma matéria mais complexa pois estou fazendo trabalho pra escola. Mas está muito bom mesmo👍🏻
ResponderExcluirAmei
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